Entrevista com a parteira Ina May "Assisti a um casal, quando ainda estávamos na caravana, que era brilhante.Sabe o que faziam para aliviar a dor das contrações? Beijavam-se. E isso afazia sentir bem relaxada, como se pode imaginar. Pensei "que criativo! Comonão pensei nisso antes?" E eles pareciam bem, como se não estivessem preocupados com nada, que é exatamente o que se deseja.Dois anos depois, estávamos aqui com uma mulher que já havia tido 2 bebês anteriormente e que estava muito amedrontada.Era uma mulher bem pequena, assim como o marido.Ambos pareciam secos, frágeis, apavorados, com pupilas muito pequenas, aterrorizados.Pensei "este bebê nascerá de qualquer forma, isso não está impedindo o trabalho de parto, mas ela vai lacerar", porque ela estava rígida de pavor.Aí lembrei do outro casal e disse (esperei até que ela não estivesse tendouma contração): "Linda, eu tive uma idéia. Por que você não tenta beijar oRichard durante a próxima contração? Vamos ver o que acontece." A estaaltura, ela provavelmente teria feito qualquer coisa que eu sugerisse, menosentrar no carro e ir ao hospital, porque seria uma viagem bem desconfortávelna estrada de terra e ninguém queria isso.Então ela fechou os olhos, colocou os lábios bem juntos, ele fez o mesmo esimplesmente encostaram os lábios um no outro. Pensei "minha nossa, eles nãosabem como beijar". Mas, claro, a regra é não criticar uma mulher emtrabalho de parto, porque é a pior coisa que se pode fazer. Então, espereiaté acabar a contração, ela abrir os olhos e estar pronta para receber maisinformação e sugeri que tentassem de novo, desta vez, "Linda, com a bocaaberta". Não me importava o que Richard faria, só queria que ela abrisse aboca porque já tinha reparado que quando a mulher dá a luz de boca aberta,com a mandíbula relaxada, a probabilidade de laceração no períneo é muitomenor e a maioria das mulheres não tinha laceração, então eu nem tinhaaprendido a dar pontos ainda.Ela fez isso e adivinhe: o bebê estava no períneo, um bebê maior do que osoutros que ela já tinha tido e o períneo estava intacto. Vinte e cinco anosdepois ela escreveu uma estória para mim e disse que o casamento havia tidoproblemas, a vida sexual era morna, embora houvesse amor entre eles e eladisse que aquele parto consertou tudo no casamento por causa do beijo. Eladiz que agora recomenda às filhas, que estão tendo bebês "não esqueçamde beijar". Se estão no hospital, as pessoas vão sentir-se envergonhadasfazendo isso, mas eu digo que é mágico porque se um casal se beija nohospital, pode até aborrecer algumas enfermeiras, mas o que acontece é queas chatas vão embora, incapazes de suportar e aparecem as simpáticas. Se ocasal está junto há tempo suficiente para ter um filho, tenho certeza de quea lei permite o beijo. Pode deixar as pessoas desconfortáveis, mas quem seimporta? Se ajuda a parir seu filho e salvar pontos no períneo, pode ser umacoisa muito boa." Entrevista completa: http://prisrezendedoula.blogspot.com/2010/09/entrevista-com-parteira-ina-may-gaskin.html
|